Annalena Baerbock, do Exterior, e Hubertus Heil, do Trabalho, querem atrair enfermeiras e enfermeiros para compensar falta de profissionais na Alemanha. Cooperação sobre clima e paz também na agenda de encontros.
O ministro alemão do Trabalho, Hubertus Heil, e a ministra alemã do Exterior, Annalena Baerbock, falam com jornalistas em frente à sede do Itamaraty, em Brasília (Foto: Annette Riedl/dpa/picture alliance)
Os ministros alemães do Exterior, Annalena Baerbock, e do Trabalho, Hubertus Heil, chegaram ao Brasil nesta segunda-feira (05/06), como parte de uma iniciativa oficial visando trazer profissionais brasileiros da área de saúde para trabalharem em seu país.
Com duração total de seis dias, a viagem pela América Latina para recrutamento de mão de obra qualificada prosseguirá pela Colômbia e Panamá. "Enfermeiras/os brasileiras/os e eletricistas colombianos já são recebidos de braços abertos na Alemanha. Queremos ampliar essa parceria", declarou Baerbock.
No seu primeiro dia em Brasília, ela se encontrou com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Em declaração conjunta, as chefes de pasta acentuaram a vontade de seus países de avançarem lado a lado na política climática.
Melhores salários e condições: uma meta comum
Segundo a Agência Federal de Trabalho da Alemanha, há no país "uma óbvia falta de profissionais de cuidados", com três vagas livres para cada enfermeira em busca de emprego. E a Fundação de Proteção dos Pacientes alerta que nos próximos anos se aposentam 500 mil funcionários de hospitais clínicas e ambulatórios.
Em contrapartida, o Brasil conta com 2,5 milhões de cuidadoras/es formada/os, e em 2021 a taxa de desemprego no setor era de 10%, registra o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen).
Ainda assim – e apesar de o Brasil ser o principal parceiro comercial da Alemanha na América Latina – Heil afirmou que menos de 200 enfermeira/os brasileira/os estão atuando atualmente em seu país. A Agência Federal de Trabalho calcula que será possível contratar até 700 profissionais por ano.
Em visita ao curso de enfermagem da Universidade Católica de Brasília, Heil pronunciou-se a favor do aumento da imigração, ressaltando que em ambos os países é necessário melhorar as condições de trabalho e salariais para a classe.
A pró-reitora acadêmica da universidade, Adriana Pelizzari, mostrou-se aberta para o intercâmbio de estudantes e cooperação na pesquisa – em que a Universidade de Göttingen está interessada, de acordo com o ministro alemão.
Juntamente com o ministro brasileiro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, Heil assinou uma declaração de intenção pela "imigração justa", com o fim de criar estruturas mais simples para incentivar o intercâmbio de mão de obra.
Unidos no clima, descompasso na guerra da Rússia
Antes de iniciar o giro pela América Latina, Baerbock definira a região como "parceira natural da Europa", que "nem mesmo um oceano pode separar": "Muito nos une: vivemos em democracias, somos próximos culturalmente e lutamos por um sistema internacional baseado em regras e direitos humanos."
Marina Silva cumprimenta Annalena BaerbockMarina Silva cumprimenta Annalena Baerbock
Baerbock também reuniu-se com Marina Silva e ambas reforçaram intenção de avançarem lado a lado na política climáticaFoto: Kira Hofmann/photothek/IMAGO
"Isso vale tanto para a Colômbia e Panamá quanto para o Brasil, nosso parceiro estratégico que ocupará a próxima presidência do G20", acrescentou, frisando a intenção do governo de Luiz Inácio Lula da Silva de contribuir para a solução dos desafios globais mais urgentes, pois "sem a América Latina não será possível aliviar a crise climática”.
Quanto ao desmatamento na Amazônia por queimadas e exploração madeireira: "Isso afeta a todos nós: se as árvores continuarem caindo, todo o ecossistema entrará em colapso. Por isso, compartilhamos da ambição do presidente Lula de oferecer perspectivas a quem vive próximo à selva, não contra a selva, mas com ela."
A chefe da diplomacia alemã acrescentou: "Estamos unidos na nossa firme convicção de que só pode haver prosperidade se a liberdade e a paz prevalecerem. Embora ocasionalmente, como na guerra de agressão russa contra a Ucrânia, tenhamos perspectivas diferentes." Por esse motivo, é "tão importante que países como o Brasil também ergam sua voz pela imposição do direito internacional", reforçou Baerbock.
Publicado originalmente por Deustche Welle Brasil, em 05.06.23
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