quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Maria Silvia: porque meu voto é de Simone Tebet

Teremos uma eleição presidencial tão ou mais polarizada do que a de 2018 e parcela dos eleitores votará em rejeição ao candidato oponente. Os que lideram a disputa já exerceram a Presidência, tiveram a chance de implementar seus projetos e de serem avaliados. 


Com fama de trator, Maria Silvia, autora deste artigo, foi a primeira mulher a presidir o BNDES.

Até o momento não se dispuseram ao debate nem a revelar suas prioridades e planos de ação para enfrentar um Brasil combalido pela insegurança alimentar, pelo emprego insuficiente e informal, pelo sistema educacional incapaz de qualificar os jovens em matérias essenciais como Português e Matemática, pela deterioração da imagem do País devido aos persistentes ataques às instituições e ao meio ambiente, pela polarização que afasta, antagoniza e destrói a esperança no futuro. Tudo isso em um cenário econômico nacional e internacional instável e desafiador.

O País precisa de lideranças que tenham sólido comprometimento com a democracia como pilar de nossa sociedade, com instituições de Estado fortes e com a ética como base para o desenvolvimento sustentável. Que entendam a complexidade e o acelerado processo de mudança do mundo atual, identifiquem as oportunidades de protagonismo do Brasil em temas como mudança climática, transição energética e demanda por alimentos. Líderes que valorizem a pesquisa, a inovação e a ciência como catalisadores de mudança, melhor qualidade de vida e desenvolvimento econômico. Que possuam a compreensão de que é necessário um ambiente de negócios com regras estáveis, transparentes e simples, bem como o enfrentamento dos desafios na área de segurança pública, para a atração de investimentos e geração de empregos. Precisam ter experiência, principalmente no campo político, e a capacidade de diálogo requerida pelo processo democrático para transformar projetos em ações. Ter empatia com a população, entender os diferentes desafios e realidades de um país continental, priorizar projetos e ações que gerem igualdade de oportunidades, especialmente para os jovens. Ter competência para unir e pacificar os corações e mentes de um país dividido, cansado, desesperançado, onde o sonho de muitos é viver em outro país e recuperar a autoestima nacional é tarefa urgente e imprescindível.

Identifico em Simone Tebet os atributos para endereçar essa urgente, ambiciosa e indispensável agenda de mudança para o Brasil. Ela representa a renovação na política, é jovem e experiente. Tem compromisso com a ética, os valores democráticos e as instituições. Vem do Centro-oeste, conhece os desafios da economia e da política além do eixo Sudeste/sul, tem intimidade e experiência com a política nacional. Graduou-se em Direito pela UFRJ e é mestre em Direito do Estado pela PUC-SP, lecionou por 12 anos, função que exercita a capacidade de dialogar, ouvir e repensar. Filiada ao MDB, foi deputada estadual no seu Estado, prefeita de Três Lagoas e vice-governadora. Em 2014 foi eleita senadora, função que exerce até hoje. No Senado foi líder do MDB e presidente da mais importante comissão da Casa, a de Constituição, Justiça e Cidadania. Foi a primeira mulher, em 198 anos, a se colocar na disputa à presidência do Senado e liderou a primeira bancada feminina da história da instituição. Tornou-se conhecida

Ela representa a renovação política, é jovem e experiente; tem compromisso com a ética

nacionalmente na CPI da Covid, onde suas intervenções fundamentadas e incisivas tiveram papel primordial no trabalho da comissão. Nesses oito anos como senadora esteve em posição privilegiada para conhecer, debater e influenciar múltiplos e relevantes temas nacionais.

Em maio a senadora foi lançada pré-candidata à Presidência pelo MDB e o Cidadania, iniciando uma atribulada caminhada até 26 de julho, quando sua candidatura foi homologada pelas convenções desses partidos e do PSDB. Nesses poucos meses assistimos à desistência de vários pré-candidatos enquanto Simone seguiu firme, apesar do fogo amigo dentro de seu partido e da descrença em relação à viabilidade de sua candidatura. Equilibrada e segura, manteve a coerência de seu discurso e a determinação em ser a primeira mulher de seu partido a disputar a Presidência da República.

A senadora certamente conhece os desafios pela igualdade de oportunidades na carreira que escolheu. Como professora e mãe de duas jovens, sabe da ansiedade dos jovens por um Brasil de que possam se orgulhar e em que possam planejar seu futuro. Ela prega a pacificação do País, a união de forças, a parceria públicoprivada, políticas inclusivas e o crescimento em bases sustentáveis. Conhece os desafios nacionais e está aberta a ouvir, aprender e aceitar a colaboração de especialistas nos diversos temas. Por tudo isso, os que não desejam votar em um candidato em rejeição a outro têm agora a opção de votarem em alguém que representa os anseios de um país mais igualitário, mais cordial e com mais oportunidades. Simone Tebet tem as condições, compromisso e sensibilidade para devolver a autoestima e a esperança ao nosso Brasil. •

Maria Silvia Bastos Marques, a autora deste artigo, é conselheira independente, foi secretária de Fazenda do Rio de Janeiro, presidente da CSN, da Icatu Seguros, do BNDES e do Goldman Sachs. Publicado originalmente n'O Estado de S. Paulo, em 04.08.22

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