Liderado por jovens, protesto reúne até 100 mil pessoas em rejeição à tomada de poder pelo Exército: "A próxima geração pode ter democracia se acabarmos com esta ditadura militar".
Estimativa é de que até 100 mil pessoas saíram às ruas de Yangun para protestar
Com gritos de "Abaixo a ditadura”, dezenas de milhares de manifestantes desafiaram a repressão e foram às ruas de Yangon, maior cidade do país, neste domingo (07/02) em mais um protesto contra o golpe militar.
O protesto, liderado por jovens, foi o maior já registrado dede que, na última segunda-feira, o Exército declarou estado de emergência, deteve o presidente Win Myint e outros líderes políticos, como a Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, e assumiu o controle do país.
Algumas estimativas colocam o número de manifestantes em Yangun em 100 mil, e há registros de grandes manifestações em outras cidades.
"Não tenho medo da repressão"
"Eu desprezo completamente o golpe militar e não tenho medo da repressão", disse Kyi Phyu Kyaw, estudante de 20 anos. "Vou me juntar todos os dias até que Amay Suu (mãe Suu) seja libertada".
Muitos em meio à multidão vestiam vermelho, a cor da Liga Nacional pela Democracia (NLD), de Suu Kyi. O partido garantiu uma vitória esmagadora nas eleições nacionais de novembro de 2020 em Mianmar, mas os generais se recusam a aceitar o resultado e alegam fraudes – justificando assim a tomada de poder na segunda-feira. No entanto, observadores internacionais e a própria Comissão Eleitoral birmanesa declararam o pleito justo e livre.
A polícia bloqueou o caminho dos manifestantes em vários pontos da cidade, mas uma multidão pôde se reunir perto da prefeitura de Yangon sem nenhum confronto. Alguns manifestantes entregaram rosas para os policiais.
Vamos lutar até o final
Muitos fizeram a saudação de três dedos inspirada nos filmes Jogos Vorazes, que se tornou um símbolo de resistência durante os protestos pró-democracia na Tailândia no ano passado.
"Vamos lutar até o final", disse Ye Kyaw, estudante de economia de 18 anos. "A próxima geração pode ter democracia se acabarmos com esta ditadura militar".
O aumento da resistência popular durante o fim de semana superou o bloqueio da internet em todo o país.
O serviço de monitoramento NetBlocks disse que o acesso à internet foi parcialmente restaurado em algumas redes móveis na tarde de domingo em Mianmar, mas as plataformas de mídia social permaneceram bloqueadas.
Durante toda a noite, panelaços puderam ser ouvidos na cidade.
O Escritório de Direitos Humanos da ONU disse que as autoridades de Mianmar "devem assegurar que o direito à reunião pacífica seja plenamente respeitado e que os manifestantes não sejam submetidos a represálias".
Também houve protestos em Mandalay, a segunda maior cidade de Mianmar, e em Mawlamyine.
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