sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Trump pagou US$ 2,7 milhões a organizadores de manifestação que levou à invasão do Capitólio

Funcionários da campanha de reeleição do republicano são listados na permissão para comício em que ex-presidente discursou antes do motim

O então presidente americano Donald Trump pagou mais de US$ 2,7 milhões (cerca de R$ 14 milhões) a indivíduos e empresas que organizaram a manifestação de 6 de janeiro que culminou na invasão do Capitólio. A informação é da organização Center for Responsive Politics (CRP). 

Os pagamentos, feitos durante a campanha de reeleição de Trump, constam nos documentos da Comissão Eleitoral Federal, que os monitorou até o dia 23 de novembro. A solicitação para fazer a manifestação, que aconteceu em propriedade federal, foi feita um dia após essa data. 

O protesto, que depois levou à invasão do Capitólio, aconteceu no parque federal Elipse, que fica próximo à Casa Branca, e foi organizado pelo grupo Women for America First (Mulheres pelos Estados Unidos em primeiro lugar, em tradução livre). Foi nesse evento que Trump encorajou seus apoiadores a impedir que o Congresso ratificasse a vitória de Joe Biden na eleição presidencial.

Para usar o espaço, os organizadores pediram uma permissão especial para o Serviço Nacional de Parques. Os nomes de oito funcionários da campanha do republicano aparecem na autorização. Entre eles está o de Maggie Mulvaney, sobrinha de Mick Mulvaney, ex-chefe de Gabinete de Trump que renunciou ao cargo de enviado especial à Irlanda do Norte após o motim. Até 23 de novembro, ela recebeu US$ 138 mil da campanha do republicano, segundo informou o Center for Responsive Politics

Outro nome listado é o de Megan Powers, que aparece na autorização como uma das duas gerentes de operações do comício. Ela recebeu US$ 290 mil da campanha de Trump entre fevereiro de 2019 e novembro do ano passado. Powers foi diretora de operações da campanha de Trump.

Também receberam dinheiro da campanha de Trump uma importante arrecadadora de fundos do Partido Republicano, Caroline Wren, listada na autorização como conselheira do comício, e Ronald Holden, o gerente dos bastidores.

Quem mais recebeu, segundo o relatório do CRP, foi a empresa Event Strategies Inc., que ganhou mais de US$ 1,7 milhão por trabalho na campanha de Trump e pelo comitê conjunto de arrecadação de fundos. Os proprietários da empresa, Justin Caporale e Tim Unes, atuaram como gerente de produção do comício e gerente de palco, respectivamente.

Além disso, de acordo com o CRP, a Women for America First tinha uma relação financeira com a America First Policies, a organização sem fins lucrativos pró-Trump formada para avançar sua agenda logo depois que o republicano assumiu a Presidência. Em uma declaração de impostos recente, esta última fez uma doação de US$ 25 mil para a Women for America First em 2019.

Da Bloomberg. Publicado originalmente no Brasil por O GLOBO, em 22/01/2021 - 16:32 / Atualizado em 22/01/2021 

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