Sob críticas por causa da atuação do governo no combate à pandemia, presidente diz, porém, que está 'cumprindo uma missão' e que ‘tem gente querendo voltar' às administrações anteriores
Pressionado por críticas ao enfrentamento da pandemia da covid-19 e alvo de novos pedidos de impeachment, o presidente Jair Bolsonaro afirmou hoje, 19, que não pode dizer que é um “excelente presidente”. Ele disse, contudo, estar “cumprindo uma missão” e fez referência a gestões anteriores.
“Não vou dizer que eu sou um excelente presidente. Mas tem muita gente querendo voltar o que eram os anteriores. Já reparou? É impressionante. Estão com uma saudade de uma..., disse para apoiadores nesta manhã, sem concluir a frase.
Presidente Jair Bolsonaro Foto: Eraldo Peres/AP
A fala do presidente ocorre em meio a pressões sobre o governo federal devido à atuação no combate à pandemia da covid-19. A sobrecarga do sistema de saúde em Manaus (AM) e a falta de oxigênio em hospitais afetaram a imagem do governo e do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que já adota tom defensivo em seus discursos. Na sexta-feira, o governo de Bolsonaro foi alvo de panelaços em todo o País.
A crise em Manaus motivou partidos de oposição, que somam 119 deputados, a apresentarem novo pedido de impeachment contra Bolsonaro. Rede, PSB, PT, PCdoB e PDT pedem que o presidente seja responsabilizado política e criminalmente pela situação no Amazonas e por sua conduta de desacreditar medidas de proteção durante a pandemia. O pedido se soma a outros cerca de 60 entregues à Câmara dos Deputados desde o início do mandato de Bolsonaro.
O atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), descartou um possível processo de impeachment neste momento. Na segunda-feira, 18, ele afirmou, contudo, que não descarta a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no futuro para investigar as ações do governo no enfrentamento do novo coronavírus.
A aprovação do uso emergencial da vacina contra a covid-19 também foi vista como um derrota para o governo. A Coronovac, produzida pela chinesa Sinovac e pelo Instituto Butantan, foi alvejada por Bolsonaro durante seu desenvolvimento.
Ao longo da pandemia, Bolsonaro questionou a origem da vacina, colocou em dúvida a segurança do imunizante e chegou a comemorar a interrupção dos testes da Coronavac nas redes sociais. O imunizante foi desenvolvido pelo Instituto Butantan, ligado ao governo paulista, liderado por seu adversário político, João Doria (PSDB).
Emilly Behnke, O Estado de São Paulo, em 19 de janeiro de 2021 | 14h54
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