O julgamento
do chamado mensalão, que a mídia considera o mais importante da história do
Supremo Tribunal Federal, está longe de ser o processo do século.
Esta
é a opinião de Américo Lacombe, ex Presidente do Tribunal Regional Federal – 2ª
Região, em artigo publicado hoje no “Migalhas”, editado em São Paulo e um dos
mais prestigiados pela comunidade jurídica do País.
Segundo
Lacombe, “vários outros processos tiveram
uma importância muito maior”.
Ele
lembra, por exemplo, o Mandado de Segurança impetrado por Collor para que
fossem secretos os votos dos deputados na admissibilidade do seu impeachement. O STF decidiu que os votos
seriam abertos. “Fossem os votos
secretos, a história teria sido outra”. Observa Lacombe.
Depois,
houve o julgamento de Collor pelo STF resultando na sua absolvição por falta de
provas. “Esse processo foi mais
importante que o mensalão porque estava em julgamento um Presidente da
República”.
Lacombe
lembra ainda julgamentos mais recentes e, a seu ver, mais importantes, embora
sem o estardalhaço com que a mídia ultimamente foca o caso do mensalão.
Por
exemplo: fidelidade partidária; aborto dos anencefálicos; pesquisas com célula tronco;
constitucionalidade da chamada lei da ficha limpa; questão das terras indígenas.
“O mensalão – aduz Lacombe – não passa de um processo crime um pouco mais
relevante que os outros, mas não trará consequências sociais como aqueles que
citei.”
“A
mídia, por certo, fará o seu estardalhaço costumeiro, mas a sociedade pouco se
beneficiará com o resultado. No entanto, a possibilidade de a ciência utilizar-se
das células tronco para a cura de inúmeras doenças beneficiará a sociedade por muitos
anos. A lei da ficha limpa promoverá uma limpeza ética na politica muito maior
e por muito mais tempo do que a condenação de alguns mensaleiros”. Concluiu.
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