A preguiça mental que se esparrama em certas épocas do ano pela maioria dos cérebros que operam a imprensa em Brasília cede espaços e estimula a produção fácil dos factoides.
Factoide, como todos sabem, é o que chama a atenção como se fosse, de fato, algo absolutamente verdadeiro, realçando em cores fortes o inconcebível, o absurdo, o revoltante ou o escandaloso, tudo sempre sensacional.
Entre dezembro e janeiro, e também em julho, quando os políticos em arribação para os seus Estados ou em férias pelo mundo lá fora deixam Brasília, as sucursais com os jornalistas que ficam nem por isso deixam de abastecer suas sedes com o que possa inspirar capas das revistas ou primeira página dos jornais.
Thales Ramalho, um experiente Deputado do extinto MDB, que por um acidente cardiovascular passou o resto da vida movendo-se em cadeira de rodas, chamava a esse tipo de noticiário de flores do recesso. Ele próprio tinha a sua floricultura.
Agora, quando o País do mundo oficial ainda não voltou de fato a trabalhar, - e quando voltará? – irrompe no calendário, de novo, essa temporada dos factoides.
Vira capa de revista a bela mulher, que nem é tão bela assim, sedutora infiltrada na República seduzindo coroinhas papa hóstias em trocas de favores para um comando geral da corrupção chefiado por um ex-policial fera, e você vai ler é factoide. Diz mas não diz. Afirma mas nega e não há indicio suficiente de prova alguma.
Hoje, é uma chamada de primeira página num grande jornal anunciando que a Dilma aborrecida, - e, segundo os jornais, ela parece estar sempre se aborrecendo com tudo, - que não gostando do que fez a Comissão de Ética do Planalto mandando investigar o Ministro Pimentel, resolveu trocar os seus integrantes.
Corre e vai ler. Não é nada disso. Alguns, em fim de mandato, poderão não ter seus mandados renovados, o que é normal. Um deles, inclusive, grande figura humana e respeitadíssimo por sua vida pública, o Ministro Humberto Gomes de Barros, está gravemente enfermo, o que a matéria não informa.
Os coleguinhas das sucursais de Brasília deveriam ser remanejados não podendo ficar mais do que dois anos, no máximo, atuando na Corte. Depois, desintoxicados, poderiam retornar, mas apenas por mais dois anos. Haveria qualidade jornalística nas informações e o distinto público leitor sairia ganhando o que efetivamente merece.
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