O Lula me disse sobre o Itamar, à época recém - nomeado Embaixador em Roma, que embora tivesse com ele algumas divergências, mais porque o achava muito genioso, procurava agir com o máximo de tolerância possível porque o Itamar precisava do cargo não para se exibir, mas para sobreviver.
O Itamar sempre foi um cara honesto. Nunca tirou proveito pessoal da vida pública. Fomos contemporâneos na mesma legislatura do Congresso, ele como Senador, eu como Deputado. Lutamos juntos hasteando várias bandeiras. Da anistia às eleições diretas.
Do Senado foi à Vice - Presidência da República, depois assumiu a Presidência, enfrentou uma inflação avassaladora, implantou o Plano Real e saiu dando a volta por cima passando o cargo ao seu Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso.
Venceu as eleições para o Governo de Minas, outro abacaxi. O Estado estava um caos, endividado, quebrado, gastando mais do que arrecadava. Itamar enfrentou tudo, reorganizou no que foi possível, passou o cargo ao Aecinho que, encontrando o terreno adubado, fez grandes colheitas.
Na última eleição, o Aecinho o chamou para ser companheiro de chapa. Chegaram juntos no Senado. O Itamar foi surpreendido com essa leucemia, não a escondeu e agora é mandado para a UTI por conta de uma grave pneumonia.
Torço pela recuperação do Itamar porque o Brasil não merece perder um homem público como ele, logo agora em que os bons escasseiam. O Itamar ainda é das poucas e últimas referências de probidade e espírito democrático e republicano no Senado.
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