Os que manhã bem cedo quando não está chovendo caminham em média 1 hora na passarela da península do lago sul percebendo a ausência do Palocci nas últimas semanas logo desconfiaram que dificilmente voltariam lhe dar bom dia.
A passarela da península me faz lembrar Brasiléia, um município do Acre, fronteiriço com Pando, na Bolívia, no auge das ditaduras, quando andei por lá disfarçado de pesquisador bilíngüe, a serviço do Jornal do Brasil.
A Bolívia era muito instável e então alguém me disse que os poderosos em Pando variavam muito. Estar em cima equivalia à certeza de que de repente estaria em baixo.
Nem sempre foi assim.
Quando décadas depois retornei a Pando, pegando carona no avião do Lula, para uma reunião dos Presidentes de Cortes Judiciais da região, Brasil, Bolívia e Peru, o Presidente da Suprema Corte boliviana era o Eduardo Rodrigues, meu velho parceiro de outras assentadas.
No bolo de uma crise o Mesa, Presidente da Republica, que havia assumido como Vice do Louzada, que havia renunciado, renunciou também e quem assumiu? O Eduardo. Reorganizou a República, não quis ser candidato e entregou depois a Presidência ao Evo, o índio eleito.
Na península do lago sul, ao longo de décadas, nós outros, os caminhantes, cruzamos com os poderes da República em pessoas. Algumas vezes chega a ser engraçado ver aquelas figuras longe das liturgias vestidas de atletas no amanhecer.
Eles chegam, passam, se vão. E nós, Pedro Rogério, Paulo Castelo Branco, Eurídice e eu, continuamos no pedaço. Todos somos efêmeros, é claro. Mas eles são muito mais que nós.
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