domingo, 11 de abril de 2010

Aecinho


O doutor Tancredo chamava o seu neto Aécio, carinhosamente, de Aecinho.

O pai de Aécio, o Deputado Federal Aécio Cunha, foi meu colega na Câmara. Sempre estivemos muito próximos por conta da minha ligação política com o doutor Tancredo, ligação essa que com o tempo foi se tornando afetiva.

Fui um dos consultores jurídicos de Tancredo na montagem do Partido Popular, o PP que faria a ponte para a transição do regime autoritário para a democracia.

Viajamos juntos pelo País, ampliando as bases do PP. Foi quando, apresentado por Tancredo, conheci valorosas figuras da política nacional.

No Maranhão, Tancredo só esteve duas vezes.

A primeira, a pedido de Getulio Vargas, de quem fora Ministro da Justiça, para arquitetar a eleição de Chateaubriand para o Senado.

Naquele tempo não havia exigência de domicilio eleitoral. O dono dos Diários Associados, não obstante ser à época um dos homens mais poderosos do País, o que prova que em eleição dinheiro e poder nem sempre são tudo, não se reelegeria Senador por seu Estado, a Paraíba.

Tancredo me contou que o Maranhão, pelas peculiaridades eleitorais, era o único lugar no Brasil onde Getulio poderia garantir a Chatô uma eleição segura. A oligarquia então reinante sob o comando do Senador Victorino Freire mantinha tudo dominado.

Getulio precisava agradar a Chatô, a que preço fosse, porque iria precisar do seu apoio para eleger Juscelino, então Governador de Minas, à sua sucessão.

Por ordem de Victorino, um Senador e seu Suplente renunciaram abrindo-se a vaga para Chatô candidatar-se.

O próprio Juscelino foi depois ao Maranhão se encontrar com o então Governador Eugenio Barros, prometendo-lhe o Ministério da Agricultura se fosse eleito.

A segunda vez que o doutor Tancredo esteve no Maranhão foi para me dar posse na Presidência estadual do Partido Popular. 

O PP incorporou-se pouco depois ao PMDB para escapar do casuísmo do voto vinculado, uma armadilha do regime autoritário para tirar da Oposição a maioria que se auspiciava no Colégio Eleitoral que elegeria o próximo Presidente.

Os governistas de todos os plantões apostavam em Maluf Presidente. O eleito foi Tancredo cabendo a Vice a um ultimo dissidente do regime em decadência, o atual Presidente do Senado

O discurso de Aecinho ontem na pré-convenção do PSDB-DEM-PPS é para ser lido e guardado. Eloquente e firme. Ousado sem ser inconseqüênte. Passou credibilidade, confiança e esperança.

Anota aí. Depois do Serra, quem ainda estará com tudo para ser o Presidente do Brasil vai ser o Aecinho, o neto querido do doutor Tancredo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ora, "último dissidente", esse Vidigal tem cada uma. Assim, o "dissidente" fica parecido com um Jeca qualquer das historinhas de Monteiro Lobato, ou, ainda, com um escritor de cartas de amor, trabalhando na Rodoviária de qualquer estado, recorrendo sempre às poesias de J. G. de Araújo Jorge para enganar os namorados mais trouxas.
Ou, ainda, com um menino muito feio que Vovó criava e todos os domingos o obrigava a comer cabelouro de boi sentado detrás da porta para ficar bonito. Quero dizer, menos feio, né!
Noutra participação eu disse que: com Serra, Aécio e/ou Ciro, é complicado para alguém ganhar. Se não estou enganado, Serra deve sair com pelo menos 80% dos votos de São Paulo, até mesmo de quem nas eleições passadas votou em Lula, mas conseguiu enxergar "isso que está aí". E, até aonde se sabe, Dilminha não tem nada com São Paulo; se o petista de MG não pesar muito, Aecinho carrega mais de 70%. Com dois dos três maiores colégios eleitorais do país somando assim, mais os votos do Ceará para Ciro, sem contar o Paraná e o RS, tem que ter muita bala para lançar PAC. Abraços.

Vicente disse...

Caro ministro,
Vosso artigo é histórico.
O Aécio Neves, caso não ocorra fato político de grande expressão será com certeza, o name mais indicado para presidente, após o Serra.
Vicente Dias
São Luís - Maranhão