sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Estranhos
O poder e a glória dificilmente seguem juntos sem que um, volta e meia, atrapalhe o outro.
A pessoa pode se tornar poderosa quando amealha muito dinheiro e, sabendo acená-lo como cenouras ao olfato dos cavalos, assim, sempre acenando, segura em seu redor o tropel lasqueado.
Num dado momento se entedia, quer mais. O poder da grana, por si só, como se diz por aí, não garante glamour, nem a glória.
Então se imagina um cargo público, de preferencia um mandato eletivo, como a solução mais simples.
A política dá passaporte para a visibilidade e, também, para pequenos empreendimentos e grandes negócios, que na maioria dos casos, a grana, por si só, não possibilita.
No reverso, o político profissional, de origem popular, que vem dando certo, mas que um dia se entendia nessa história de estar sempre às voltas com dificuldades financeiras, a família cobrando um patamar mais acima das aspirações possíveis.
O político, que transita entre o poder e a glória, ainda que não tenha poder nenhum e esteja sempre longe da glória, é induzido a ser um igual aos da grana e muitas vezes ele já não suporta mais continuar reprimindo antigas frustrações.
O que leva uma pessoa que, ainda que de maneira sofrível, seguiu uma trajetória na política, e durante algum tempo sem manchas no quesito probidade, a querer, de repente, ser rico e por conta disso a se aproveitar desmesuradamente na intimidade com o alheio e na promiscuidade com o que é coisa pública?
Neste ponto, a grande doença de que está acometida a nossa enfraquecida República e a nossa cambaleante Democracia.
Politico com vocação para a política, movido a espírito público, tem que ir até o fim como politico. Não pode querer ser empresário, o conflito de interesses, entre o que é interesse público e o que é interesse privado, é muito grande.
Empresário com vocação para ser empresário, movido a empreendedorismo, consciente da função social do capital, tem que ir até o fim como empresário. Não pode querer ser político, o conflito de interesses, entre o que é interesse privado e interesse público, é muito grande.
Os dois, político e empresário, podem fazer muito bem ao seu tempo, sendo decisivos na construção de uma sociedade justa e progressista, se trabalharem sério cada um naquilo que saibam fazer bem. Fora daí, é muita concorrência desleal.
Preste atenção no que está acontecendo com Brasília hoje. Os empresários bem - sucedidos foram se atirando no piscinão da política e com o tempo todos se deram mal. Causando mal, também, e por inteiro, aos bons costumes políticos, de há muito tão escassos, não ajudando em nada à melhoria da República e afirmação da Democracia.
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